Existem 4
grandes tradições do violão ao redor do mundo, a saber :
1) O violão erudito, ou clássico : É a
tradição européia do violão, com um arco histórico que vem desde a idade média
até os dias de hoje. Nesta tradição utiliza-se quase que exclusivamente o
violão de cordas de naylon de 6 cordas, e mais recentemente em orquestras de
violões ou grupos camerísticos de violão utiliza-se também o violão de oito
cordas.
Tocado com os dedos, acústico, com uma vasta literatura escrita em
partitura, tanto de repertório quanto de métodos de ensino. Esta tradição está
nas universidades de todo o mundo como bacharelado, especialização, mestrado,
doutorado.
A tradição erudita do violão está presente no Brasil através da obra
genial de compositores como Heitor Villa Lobos, Radamés Gnatalli, Garoto, João
Pernambuco, Egberto Gismonti.
2) O violão popular brasileiro : é o
violão do samba, do choro, da bossa nova, da MPB, do quintal ao municipal.
Também é o violão de nylon de 6 cordas, irmanado ao violão de sete cordas ( de
aço e/ou nylon). É o violão da rua, do buteco, dos saraus, dos palcos.
Dele se diz : “Através de muitas embarcações e uma boa soma de mares, o
violão chegou até nós e virou, junto ao peito dos brasileiros, uma espécie de
agasalho. Antes do mero instrumento, o próprio intérprete dos sentimentos deste
porto novo em que ancorou sua beleza, ou melhor : sua voz mais íntima. Cúmplice
das preguiças nas tardes alaranjadas, companheiro dos contadores de histórias,
ébrio amoroso nos chorões populares, autor das madrugadas, recompromissado
líder junto aos jovens músicos e poetas, representativo das linhas curvas e
saborosas de um corpo de mulher, sóbrio, virtuoso e charmant, legítima presença
nas salas de concerto em noites de gala. Enfim, ‘um pinho pra toda obra’”.
(Aylton Escobar)
3) O violão popular norte americano : é
o violão do jazz, do rock e do blues, quase sempre de cordas de aço, tocado com
palheta, chamado de violão folk.
4) O violão Flamenco : é o violão
popular da Espanha moura, de gênese árabe e cigana. Tocado com os dedos, de
seis cordas de nylon.
Todas estas tradições se complementam, e levam à um único caminho, o da
sagrada beleza sublime. Aspas para Nazareno de Brito : “O violão, em sua
simplicidade, mesmo quando o pinho tosco se cobre de vernizes e arabescos em
madrepérola e pedrarias, parece ter sido criado para a linguagem sonora e
sincera dos simples; dos que sofrem e se queixam, dos que acreditam na poesia
das frases musicais; dos que estão sós e precisam falar consigo mesmo sem
parecer que estão loucos; dos que não sabem declarar o seu amor como os demais;
dos que precisam fugir a realidade, seca por demais para ser aceita sem um
pouco de harmonia...”.
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